Confirmado

Petrobras abandona o projeto da P-71

Afirmação do presidente Pedro Parente sobre o futuro da plaraforma promete fomentar as mobilizações Pró-Polo Naval em Rio Grande

A Petrobras confirma: irá abandonar o projeto de construção da plataforma P-71, que representaria emprego certo para cerca de 2,8 mil trabalhadores que poderiam ser contratados pelo Estaleiro Ecovix, no Polo Naval de Rio Grande. Em entrevista à Rádio Gaúcha, na manhã desta quinta-feira (6), o presidente da Petrobras, Pedro Parente, foi enfático: “Não faria o menor sentido contratarmos uma plataforma para a qual não temos uso”. As declarações repercutiram entre lideranças da região e devem servir para fortalecer ainda mais as mobilizações, que têm se intensificado nos últimos meses.

Um grande ato no sábado, 29 de abril, deve trazer a Rio Grande o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que em 2006 também esteve na cidade, mas para dar o pontapé inicial no que se transformaria em um dos polos navais mais modernos do Brasil: a assinatura do contrato para instalação do dique seco; o maior do Hemisfério Sul. O cenário, portanto, é de articulação. Vigília, audiência pública, bloqueio de estradas, criação de Frente Parlamentar.

A manifestação desta quinta, portanto, quebra o silêncio que a Petrobras sustentava há meses e coloca fogo no processo de mobilização, não só pelo cumprimento dos contratos já negociados, como pela garantia de que a União ainda apostará na indústria naval como instrumento para fomentar a economia brasileira e competir no mercado internacional.

Ao microfone. Pedro Parente criticou, por mais de uma vez, o descumprimento de prazos para entrega dos cascos, questionou o grande número de estaleiros incentivados a se instalar no país e defendeu a ideia de que a indústria naval brasileira - e também da região - poderia se focar na integração de plataformas e, não necessariamente, na construção de cascos.

Ao se referir mais especificamente aos projetos executados na Zona Sul, o presidente da Petrobras argumentou que o Polo de Rio Grande e São José do Norte tem condições apropriadas para produção, mas destacou: “Tem que ser uma coisa realista”. Pedro Parente ainda chamou de argumentos falsamente utilizados no passado a ideia de que a empresa deveria se responsabilizar pelo desenvolvimento: “A Petrobras é uma empresa. Ela não pode ser responsável por uma política pública. A política pública é responsabilidade dos governos. É responsabilidade do Poder Público”.

A palavra do presidente da Petrobras

A retomada da P-71 está ameaçada?
“... Nós não temos uso para essa plataforma. Como é que eu posso explicar para os meus acionistas - e a maior parte dos nossos acionistas são a sociedade brasileira - que eu vou investir num equipamento que custa bilhões de dólares e que eu não preciso dele? Então é difícil. De novo, eu me solidarizo com essas pessoas (os trabalhadores), eu entendo a frustração e a ansiedade que isso gera, mas eu também gostaria muito de pedir, no mínimo, para tentarem entender o nosso lado. Nós estamos fazendo aquilo que é o melhor para recuperar a empresa, depois de tudo que ela passou: os escândalos, a roubalheira. Então, esse trabalho requer da gente muita atenção na utilização dos recursos, na otimização dos investimentos e não faria o menor sentido contratarmos uma plataforma, para a qual não temos uso.”

A repercussão

Na prefeitura - O prefeito de Rio Grande, Alexandre Lindenmeyer (PT), interpretou a manifestação pública do presidente da Petrobras como resultado das mobilizações dos últimos dias e lembrou: a pauta da indústria naval não tem caráter local nem regional ou estadual. É um tema que mexe com os interesses do Brasil - argumentou. Lindenmeyer destacou o nível de ponta dos estaleiros da Zona Sul e mencionou os investimentos em qualificação tecnológica e de mão de obra nos últimos anos.

Ao destacar que mais de 30% do petróleo brasileiro é extraído por plataformas construídas em Rio Grande e lembrar que a cidade perderá em torno de R$ 60 milhões na arrecadação de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em 2017, em função da retração econômica, garantiu: “Não vamos simplesmente nos acomodar diante da fala dele, que é elucidativa para dizer de forma muito explícita para a população de Rio Grande, da região e do Estado que a proposta deles é desemprego sem perspectiva de futuro”.

O chefe do Executivo também não poupou críticas ao que chamou de silêncio do governador do Estado: “Com essa postura, o que ele nos diz é que tá de acordo com esta posição do Pedro Parente e abre mão - em vez de estar só discutindo a repactuação de dívida - de poder discutir política de captação de recursos”.

Entre os trabalhadores - O presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico, Sadi Machado, endureceu o tom ao comentar as declarações. Depois de ouvir a entrevista por duas vezes e repercutir com os colegas, assegura: “A categoria está em choque. Ou o presidente da Petrobras é esperto ou está desinformado”, resumiu. Machado considerou contraditória a fala de Pedro Parente, ao mencionar que não teria uso para P-71 e, ao mesmo tempo, mencionar que o Campo de Libra - na Bacia de Campos - está pronto para entrar em operação.

O líder da categoria adiantou que as mobilizações irão crescer, chamou de omissão a postura do governo do Estado e cobrou engajamento da bancada gaúcha no Congresso. “Estamos dando um show de mobilização e, agora, vamos ficar cada vez mais focados. Afinal, mais uma vez o trabalhador é vítima da covardia que o governo tá fazendo.”

No Governo do Estado - O secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Fábio Branco, rebateu as críticas de que o governo não estaria engajado na busca por soluções e mencionou contatos do governador José Ivo Sartori (PMDB) com membros do primeiro escalão do governo de Michel Temer (PMDB). “É o entendimento de quem está fazendo um movimento político demagógico e leviano. Este é um momento de trabalhar sem interesse partidário e político.”

O ex-prefeito de Rio Grande destacou a estrutura do Polo Naval, mencionou o efeito cascata dos empregos diretos e garantiu que já estão, lado a lado, prontos para o convencimento da Petrobras sobre a manutenção dos projetos em solo rio-grandino.

Os trabalhadores empregados hoje no Polo Naval

Em Rio Grande
Estaleiro QGI - 900 profissionais envolvidos na montagem dos módulos da P-75 e P-77

Ecovix - 150 profissionais atuam apenas na conservação e na manutenção do maquinário. O material para construção da P-71 está todo no local. Bastaria apenas a confirmação de que o projeto está mantido para aproximadamente 2,8 mil trabalhadores serem contratados e darem início à execução.

Em São José do Norte
EBR - Cerca de 1,8 mi trabalhadores atuam na fase de acabamento da P-74.

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